O USO DA VULNERABILIDADE COMO FERRAMENTA NA CRIAÇÃO EM COLETIVO DIANTE DA PLATEIA

O presente estudo tem por objetivo identificar aspectos de vulnerabilidade do ator diante da plateia no processo de criação em coletivo. Utilizando da práxis do Grupo de Pesquisa Criação em Coletivo para a Cena...

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Projeto de Iniciação Científica (2016-2017) apresentado no 23º Congresso de Iniciação Científica da Universidade de Brasília e 14º Congresso de Iniciação Científica do Distrito Federal.
Autor da pesquisa: Pedro Henrique Silva Lopes
Orientadora: Profa. Dra. Nitza Tenenblat
Colaboradores: Alexandre da Silva Batista, Jorge Marinho, Nei Rodrigues Cirqueira

Resumo: O presente estudo tem por objetivo identificar aspectos de vulnerabilidade do ator diante da plateia no processo de criação em coletivo. Utilizando da práxis do Grupo de Pesquisa Criação em Coletivo para a Cena (CRICOCEN) o trabalho examina os aspectos que permeiam a sensação de vulnerabilidade durante a apresentação do ator diante da plateia, e logo após a sua performance: como afetam os atores e como podem ou não potencializar o trabalho de criação diante da plateia. Para a realização deste trabalho foi feito um estudo teórico conceitual sobre o termo vulnerabilidade. Em seguida, foram realizadas apresentações criadas coletiva e individualmente no pátio do prédio BSAN, do campus Darcy Ribeiro da Universidade de Brasília. As apresentações foram gravadas em vídeo e os atores fizeram registros escritos em seus diários de bordo de suas percepções pessoais a respeito dos aspectos sentidos ou não de vulnerabilidade durante a performance. Foram realizadas também entrevistas e mesas redondas com os membros do grupo de pesquisa no que tange aos momentos de vulnerabilidade durante e pós as apresentações. Posteriormente, os relatos pessoais em diário de bordo, os vídeos e as entrevistas foram analisados com o intuito de examinar os momentos de vulnerabilidade de cada a(u)tor diante da presença do público. Percebemos que a vulnerabilidade no trabalho do ator pode ser classificada em cinco etapas distintas. Este estudo tem o como foco principal as etapas V4 e V5 que envolvem o trabalho do ator durante a apresentação cênica/artística (V4) e imediatamente após a apresentação cênica/artística (V5). A medida que cada a(u)tor reconhece em si a sensação de vulnerabilidade, ele reconhece a possibilidade de direcionar seu foco, sua energia e sua produção de presença cênica para onde e como desejar durante a sua performance. Identificar essas etapas permite ao performer maior entendimento de suas potencialidades sensíveis e eventuais fragilidades diante da plateia nos momentos de exposição/pressão que possa vivenciar. A presença e a composição da plateia, o ambiente, questões pessoais internas contribuem para a potencialização da sensação de vulnerabilidade em cada etapa. A vulnerabilidade se não compreendida como algo inerente ao ser humano pode ser confundida com o medo ou outros sentimentos negativos que podem paralisar o ator de maneira criativa e/ou em performance. Perceber os aspectos da vulnerabilidade em etapas permite um maior aprofundamento do entendimento teórico-prático desta sensação. Quanto mais o performer passa por essas etapas mais consciente ele fica das suas potências e fragilidades. Ter conhecimento e domínio das suas habilidades gera maior segurança e auto conhecimento como a(u)tor. Saber administrar essa ferramenta é uma oportunidade ímpar para que o artista consiga transitar por lugares novos e/ou desconhecidos, aproveitando ao máximo a singularidade do encontro com cada plateia a cada apresentação.

Realização: Coletiva Teatro – UnB